O jornalismo colaborativo é um tanto quanto difícil de
definir em sua função prática. Claro que é relevante quando quem está do outro
lado participa em um momento onde a mídia ainda não chegou e dá o furo. Isso
gera um ponto de partida para a imprensa, ou pode ser ainda mais, pode até
simbolizar o acontecimento total, como o vídeo repercutido mundialmente da senhora tentando se salvar da enchente no Rio.
A internet 2.0 provou que esse processo de compartilhamento é irreversível, a opinião e participação geral do leitor está presente na realidade da comunicação. Partindo de uma vertente mais conceitual, antes havia a figura do gatekeeper, o “guardião do portão”, em tradução livre, na mídia tradicional, ou seja, o jornalista decidia se tal informação iria passar e ser publicada. Na mídia online o que conta é o gatewatcher, o público é quem fiscaliza o que a mídia divulga. A abrangência é marcante, assim como o arquivamento na rede, que até onde se sabe, é eterno.
A grande questão, que transforma
este tipo de jornalismo um tanto quanto curioso, é o que leva as pessoas a
produzirem esse material jornalístico. É a facilidade? A sociedade que visa
cada vez mais a exposição? A sede pela informação?
Fazer jornalismo é trabalho duro. É preciso formação
(apesar disso ser contestado) e experiência. Informação é poder, transforma o
mundo, as pessoas, as relações, mas ela também é delicada. Quantos jornalistas
vemos serem despedidos diariamente devido a alguma pauta que não deveria ter
sido divulgada, como o caso da demissão de Heródoto Barbeiro da TV Cultura, ou por uma informação
publicada mal apurada?
O lado positivo de se produzir o
jornalismo cidadão é que o autor não é necessariamente responsável pelo
conteúdo que disponibilizou. Ele não tem esse compromisso com a verdade, com a
precisão da informação. Só que é preciso distribuir os pesos por igual.
Enquanto o jornalismo colaborativo tem uma responsabilidade social menor, ele
também não pode sair de sua posição de apoio.
Post: Camila Souza
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